A saga de Garuda Bragas: o universitário azarado.

-Pare o ônibus! Pare o ônibus! Pelo amor de Deus pare esse busão!

E finalmente o ônibus pára, subi nele e todos ficavam rindo da minha cara, respirei fundo e fui sentar no meu lugar de sempre, bem lá atrás, o ultimo da fila. Pois bem, chamo-me Garuda Bragas, sou estudante de Geologia da Universidade Federal de Pernambuco, não sei porque tenho esse nome, acho que meu pai estava bêbado e minha mãe com a maconha na cabeça para colocarem no seu próprio filho um nome tão ridículo.
Moro em Carpina, cidade da Região Agreste pernambucana, e todos os dias me levanto bem cedo para pegar o ônibus, e, como vocês perceberam, todo dia chego atrasado para pegá-lo (ônibus da prefeitura cedido para os universitários da cidade), além de que, todos os dias sou motivo de chacota dos demais estudantes. Eu acho que a única vitória que eu tive em 19 anos da minha vida foi ter sido aprovado no vestibular da UFPE, um dos mais concorridos do Brasil, as demais coisas nunca tive sorte, como jogos, mulheres, apostas e etc. Para vocês verem minha situação, os nerds, que são motivo de chacotas em toda sua vida, ... eles tiram onda com minha cara, todos, além de zombarem do meu nome chamam-me de azarado, com toda razão.
Para não dizer que é mentira deles vou contar uma história que aconteceu comigo no dia 17/06/2010, lembro-me da data porque foi inesquecível, sendo que, negativamente.
Estava eu, estudando como sempre os assuntos abordados da Geologia e no decorrer da aula caiu uma chuva daquelas, mas não imaginaria que a mesma alagaria tudo no Recife e para variar, perdi o ônibus que ia para Carpina. Estava preso dentro da faculdade, porém meus neurônios começaram a funcionar e me lembrei que tenho uma tia que mora no bairro da Água Fria . Fui para a parada e esperei "somente" umas duas horas para o ônibus que vai para o Derby chegar, para que de lá fosse para Água Fria.
Passei umas três horas dentro do busão, a vantagem era que todos os passageiros estavam em harmonia para esquecer o engarrafamento danado que estava na Avenida Caxangá, alias, nem todos, tinha um pivete mimado, nojento, filho de uma... ops, censurado. Essa criança "meiga" para não dizer ao contrário começou a reclamar comigo dizendo:
-Ô moço! O senhor está me apertando!
Infeliiiiiiiiiiz, Cretiiiinoooooooooooo, primo do cãooooooooooooo, ele estava cego por acaso? Não percebeu que eu estava quase sendo comido vivo? Respirei fundo e respondi:
-Ooooooh meu filho??? Tás cego é??? Está vendo que estou sendo comido vivo??? Não reclame e se conforme!
Cheguei no Derby era umas 19:30, alagado demais, estava a esperar outro ônibus que iria para Água Fria e de repente ele aparece. Sai correndo feito um gato faminto atrás de ração, feito um tarado atrás de uma mulher gostosa, feito nosso amigo do blog Danilo atrás de meninas de... aham... falei demais (rsrsrsrsrsrs). Não tinha percebido um buraco que tinha na calçada e tropecei nele. Cai lindo no chão, parecia um urubu com Aids fazendo uma aterrissagem de alto risco. Mesmo assim consegui pegar o ônibus.
Mas como sou um rapaz altamente azarado, não tinha visto para onde o ônibus estava indo, só vi a marca da empresa dele que geralmente vai para Água Fria, eu estava quase chorando por causa do joelho e dedos ralados devido d queda e quando a mulher disse bem alto que o busão estava indo para Campo Grande, as lágrimas começaram a cair, olhei para a mulher e disse com a voz de choro:
-Oooh moça, esse ônibus não está indo para Água Fria??
-Não meu querido, está indo para Campo Grande.
Entrei em pane e desci na Conde da Boa Vista, correndo na chuva, chorando bastante. De repente passei pelas fezes de cachorro na calçada e lá vai o Garudinha deslizar no chão novamente. Levantei-me, respirei fundo e peguei o ônibus que realmente ia para Água Fria.
Cheguei na casa da minha tia todo ensopado, com joelhos e dedos do pé sangrando, fedendo a bosta de cachorro, quando minha titia querida viu, se assustou e deu um baita berro:
-Menino! O que aconteceu contigo?! Não deveria estar em Carpina??
-Tia Ana! Depois eu conto toda a história, eu quero que a senhora arrume um cantinho para eu dormir e ligue para minha mãe avisando que estou em sua casa!
-Tudo bem Garuda, só tem um canto aqui para você dormir, venha cá.
-Ainda bem tia!
Jurava que fosse pelo menos na cozinha o cantinho para eu dormir, porém, fui dormir com o Sebastian, o vira - lata da casa da minha tia. Ô povo desnaturado! Mas tudo bem, sentia o alivio naquele momento e dormi agarradinho com o cachorro.

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